Hoje em dia a informação é algo escandalosamente acessível, em grande parte, graças ao desenvolvimento tecnológico a que temos assistido nestas últimas décadas.
O recurso a um servidor de pesquisa e a introdução de algumas palavras-chave abrem-nos as portas para um mundo imenso de informação que pode ser explorada, partilhada, discutida e modificada, tudo isto à distância de uns cliques.
Esta foi uma grande alteração visto que, até à bem pouco tempo, a transmissão de informação através da Web era unidireccional, sendo que nós, utilizadores, éramos essencialmente “consumidores”. Isto não mais se verifica. Com o aparecimento de novas ferramentas adquirimos também o estatuto de “produtores”. Graças aos blogues, redes sociais, Youtube, entre outros, foi-nos possível criar toda uma realidade paralela. Surge então o conceito de “Prosumers” (Producers + Consumers).
No entanto, esta “massividade” de informação e o seu fácil acesso, acabaram por provocar grandes mudanças sociais nos seus mais diversos níveis, nomeadamente a educação e aprendizagem e a socialização. Ainda que estas não sejam as únicas áreas afectadas, são aquelas que eu decidi realçar.
Começando pela educação e aprendizagem podemos dizer que o como e onde se aprende e quem é responsável por essa aprendizagem deixaram de corresponder aos padrões tradicionais.
Actualmente, as escolas e professores perderam muita da sua conceituação, porque deixaram de poder reivindicar apenas para si próprios a tarefa de ensinar e o “poder do conhecimento”.
Este foi reivindicado pela Web e os seus “Prosumers”, passando então a existir aquilo a que podemos chamar a opção “self service”, ou seja, sermos nós próprios a decidir que tipo de informação queremos obter, procurando-a nós próprios, recorrendo ao maravilhoso mundo da Internet, ficando ao nosso total critério o “quê”, “como”, “onde” e “quando”.
Ainda dentro da educação outra das transformações que se verificam é que é cada vez menos frequente o recurso a livros “de carne e osso” ou, passo a expressão, “de papel e tinta”. Mais uma vez o virtual assumiu uma posição e em vez de livros temos os ditos “e-books”.
Mas a questão vai além disto. O mundo cibernético permite agora que a informação seja disponibilizada e transmitida nos mais diferentes formatos. Documentos escritos (Word e Pdf), imagens (Jpeg e Bmp), vídeos e áudio (Mp3, Wma, Wmv, Avi), entre muitos outros, fazem as maravilhas da comunicação, transformando assim a internet num mercado em que tudo é literalmente à vontade do freguês, e onde tudo é publicado de toda a maneira e feitio.
Isto acabou por se reflectir igualmente no nosso modo de socialização.
Em relação a este tópico os sites de redes sociais foram os grandes impulsionadores para a mudança.
As redes sociais instigaram ao aparecimento de comunidades online, sendo possível conhecer e manter o contacto com pessoas que se encontram do outro lado do globo. Se antes a globalização era uma realidade, hoje é quase um modo de vida.
Por outro lado, a internet enquanto novo meio de socialização abriu novas oportunidades ao mundo laboral. O marketing e a publicidade ganharam um instrumento poderoso para espalharem a sua influência, a expansão de um negócio em rede é uma mais-valia actualmente, sendo possível inclusive trabalhar a partir de casa. Leccionar e gerir um curso online é algo que vai ganhando cada vez mais adeptos, ainda que seja uma prática emergente. Mais uma vez a questão da globalização é aqui referida e utilizada.
Porém, e apesar de todas as possibilidades que se abrem no sentido da inovação, abrem-se igualmente portas a um novo lote de riscos. Aquele que se encontra na dianteira refere-se à questão da identidade.
A socialização online permitiu que, cada um de nós, possa adoptar as identidades que quisermos durante a interacção com os cibernautas que vamos conhecendo. Isto fez com que pedófilos e predadores sociais se transformassem em lobos com peles de cordeiro, encobrindo o perigo com a grossa cortina que é a Internet.
Para além deste, existem ainda outros problemas decorrentes das transformações que têm abrangido a Web, como é o caso do plágio e dos direitos de autor.
Isto de um modo geral leva à necessidade de aplicação e execução de “boas práticas” de utilização da informação (e não só) da Internet.
Boas práticas de utilização da Internet: Nunca divulgues as tuas passwords;
Quando estiveres numa sala de chat desconfia sempre de quem está do outro lado e não acredites em tudo o que te dizem;
Não dês o teu endereço, número de telefone ou outro tipo de dados pessoais;
Nunca aceites propostas de encontro com amizades virtuais sem informares os teus pais, ou no caso de já se ser adulto procura marcar os encontros em sítios públicos e movimentados.
Procura ter um bom anti-virus e uma firewall e mantém-los actualizados.
Se alguma foto te perturba sai do site e/ou reporta como abuso.
Se publicares ideias retiradas de livros ou de outros sites, refere a sua origem.
Denuncia as más utilizações da internet por parte de outros cibernautas (cyberbullying, aliciamento sexual infantil).
Estes são apenas alguns exemplos de boas práticas que se podem realizar para uma melhor e mais segura utilização da Internet.
Referências Bibliográficas:Ambrose, A. (2009). “ My 21st Cetury Vision for Motivation and Learning” from http://www.youtube.com/watch?v=qw77A9QselE
Comissão dos Crimes de Alta Tecnologia da Seccional Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil e Universidade Presbiteriana Mackenzie (2010). “Recomendações e Boas Práticas para o Uso Seguro da Internet para toda a Família”. 1º Edição from http://www.jornaljovem.com.br/edicao21/documents/19_cartilha_OABMackJJ_UsoSeguroInternetFamilia_000.pdf
Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo (2004) from http://www.cimlt.eu/NR/rdonlyres/127F3CE5-39B3-4A5E-AD65-52EA31844FB7/0/ManualBoasPraticasCULT.pdf